Os presidentes do Brasil, Venezuela, Paraguai, Equador e Bolívia começaram a chegar em Belém para participarem conjuntamente da mais importante atividade do Fórum Social Mundial, nesta quinta-feira (29). A presença de Lula, Hugo Chávez, Fernando Lugo, Rafael Correa e Evo Morales, amplifica a mensagem de Outro Mundo Possível porque reforça o diálogo indispensável entre governos progressistas e movimentos sociais. É, também, um contraponto ao Fórum Econômico Mundial que se iniciou em Davos, uma demonstração explicita da opção política desses países por um caminho alternativo.
Quando o Fórum Social Mundial nasceu, em 2001 – fruto da iniciativa de entidades do movimento social, partidos políticos de esquerda, organizações não governamentais, intelectuais e artistas – o mundo vivia sob a hegemonia política e ideológica do neoliberalismo. O grande capital ditava as regras internacionais no Fórum Econômico de Davos; a agenda da Organização Mundial do Comércio era de saque e subordinação das economias nacionais, em particular sobre os países do Sul; a América Latina vivia sob a ameaça da criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), submetida à chantagem e ingerência dos organismos internacionais.
À frente dos Estados Unidos estava George W. Bush e na América Latina os seguidores da cartilha neoliberal eram gente da laia de Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Carlos Menem (Argentina), Alberto Fujimori (Peru), Álvaro Uribe (Colômbia), Jorge Quiroga (Bolívia).
O Fórum surgiu como resposta e denúncia dessa situação e uma de suas marcas era dar voz aos protestos e à luta contra o neoliberalismo no mesmo momento em que os chefes de Estados estavam fechados na Suiça, sob forte proteção da polícia, definindo maneiras de explorar um pouco mais os trabalhadores e os povos.
Sob o signo de Outro Mundo é Possível, o FSM foi ganhando corpo e interferindo positivamente na agenda dos movimentos sociais, em particular na América Latina. De lá para cá, o cenário se alterou substancialmente com a eleição de governantes compromissados com uma agenda de mudanças. Aqueles prepostos dos Estados Unidos foram um a um sendo substituídos Hugo Chávez já governava na Venezuela desde 1999; logo se seguiram Lula no Brasil, Fernando Lugo no Paraguai, Michelle Bachelet no Chile, na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Néstor e Cristina Kirchner na Argentina, Rafael Correa no Equador, entre outros.
A agenda da Alca foi sepultada e substituída pela Alba – Alternativa Bolivariana das Américas, o Mercosul dá passos para se consolidar como bloco econômico, a cooperação tem sido maior entre os países latino-americanos e a criação do Banco do Sul pode ser um importante suporte às economias nacionais. Sem dúvida, o Fórum Social Mundial foi co-responsável por essas mudanças.
Se antes a agenda do Fórum era de confronto com os governos, agora ela deve ser de diálogo e pressão social para impulsionar as mudanças, sem perder a independência e a visão crítica. Nesse novo cenário, o momento mais importante do Fórum Social Mundial de Belém será a reunião entre os presidentes do Brasil, Venezuela, Paraguai, Equador e Bolívia.
A presença desses chefes de Estado no Fórum amplifica a mensagem de Outro Mundo Possível porque mostra a disposição, de ambas as partes, em reforçar esse diálogo indispensável entre governos e movimentos sociais para garantir que transformações sejam implementadas e, também, porque evidenciam o compromisso de mudanças nesses países.
O contraponto com Davos ganha mais força neste ano. A presença dos cinco presidentes em Belém, para discutir junto com os movimentos sociais a crise econômica mundial, ao mesmo tempo em que se inicia o Fórum Econômico Mundial, é uma demonstração explicita da opção política desses países. Mostra que há na América Latina a busca por um caminho alternativo.
Fonte: Vermelho
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UJS - ACRE
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