O 38º Congresso da UBES terminou em clima de festa, neste domingo, ao dar a vitória à chapa "O Pré-Sal é nosso", liderada pelo estudante manaura Yann Evanovick. Aos 19 anos, ele chega à presidência da entidade dos secundaristas brasileiros forjado em grandes mobilizações pelo direito da meia-passagem, ameaçado na capital amazonense. A união de forças entre os movimentos Arrastando Toda a Massa, Mutirão, Kizomba, CNB, Mudança, JSB e PTB alcançou 980 votos, 82% do total. A chapa Rebele-se, formada por militantes do PCR e também com votos da corrente O Trabalho, obteve 214 apoiadores.
Acompanhe entrevista com o presidente eleito, Yann Evanovick:
Portal UJS: Você assume a UBES 25 anos após a lei do grêmio livre e, coincidentemente, à época a UBES também teve uma amazonense na presidência. Qual o simbolismo disso? O que a gestão planeja para fortalecer a rede de grêmios estudantis?
Há 25 anos, minha conterrânea Selma presidia a UBES numa transição para o regime democrático. Um amazonense voltar a presidir a UBES agora tem muito simbolismo, devido a tradição de lutas do norte do Brasil. Essa gestão deverá testar ainda mais o poder de mobilização e organização da UBES realizando o Encontro Nacional de Grêmios. Nunca foi feito um encontro desse tipo. Para ter êxito em todos os enfrentamentos que a UBEs terá que encampar, é necessário que a base esteja muito
preparada e coesa. Por isso, esse é um compromisso que essa nova gestão terá de cumprir.
Portal UJS: Em Manaus, grandes mobilizações estudantis aconteceram em 2009 e isso foi um fator importante para sua consolidação como liderança. Dá para pensar em grandes mobilizações em todo o país?
Acho que sim. O que aconteceu me Manaus foi um grande movimento de massa que aglutinou estudantes e a sociedade. Recebemos da gestão cessante esta grande bandeira de luta que é o 50% do [Fundo] Pré-Sal para a educação. O pré-sal deve ser a grande bandeira, que vai colocar muitos estudantes na rua. E não apenas estudantes, mas toda a sociedade, pois todos concordam que o forte investimento em educação é fundamental para o país que queremos construir. O Congresso da UBES demonstrou isso, com muita unidade de todas as correntes em torno desta proposta, o que nos dá gás para começar pisando ainda mais no acelerador das mobilizações.
Portal UJS: Politicamente a gestão tem alguns desafios centrais, que pautaram os debates de todo o Congresso da UBES. Um deles você acaba de abordar, a conquista de 50% do Fundo do Pré-Sal para a educação, mas existem outros, como ser protagonista da disputa eleitoral de 2010. Como dar conta desse recado?
O pré-sal é o carro-chefe, porque consegue pautar o papel do Estado no desenvolvimento e atacar o problema do financiamento da educação. Mas muitas outras coisas importantes estão acontecendo. Já agora acontecerá a Conferência Nacional de Educação, que é um desafio para os movimentos. A gestão que se encerrou participou ativamente da construção, nas etapas municipais e estaduais. Essa nova gestão tem o dever de construir o PNE [Plano Nacional de Educação] que vai nortear a política educacional do Brasil para os próximos 10 anos. Temos que aprovar os 10% para educação e construir o Sistema [Nacional Integrado]. Será um momento muito importante para a UBES.
Deveremos trabalhar para organizar os estudantes de toda a base da UBES. As eleições serão um momento decisivo para o país. A UBES deve pautar o processo e não ser pautada. Deve reconhecer os avanços que aconteceram graças à luta dos estudantes, mas cobrar muito mais porque o Brasil precisa mais e pode muito mais. Para tudo isso acontecer, será preciso muita mobilização, passeatas, passar muito em sala de aula para contagiar a galera secundarista a entrar nessa disputa.
Portal UJS: A grande mídia tem adotado uma postura de criminalização dos movimentos. Como resistir a isso?
A UBES vai jogar um papel, junto a outras organizações, de não medir os esforços para combater a criminalçização dos movimentos sociais, já que uma parcela da elite, infelizmente, ainda trata as reivndicações como caso de polícia. Tanto quanto a Conferência de Educação, a Confecom [Conferência Nacional de Comunicação], que está acontecendo agora, saiu porque é fruto de um debate histórico dos movimentos sociais. Ontem, na Globo, a grande mídia já demonstrou seu vigor para combater a democratização. Eles não a reconhecem e criticam, mas nós participamos e vamos lutar para que propostas avançadas sejam aprovadas e implementadas. Não pode ficar como é hoje, que os grandes meios [de comunicação] falam o que querem, fazem o que dá na telha e acabam faltando com a verdade. A UBES está na luta para mudar este estado de coisas e democratizar a mídia, torná-la mais plural, mais condizente com a diversidade brasileira e, principalmente, aberta à sociedade, pois é concessão pública e não pode ser conduzida como se fosse particular.
De São Paulo,
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UJS - ACRE
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CONGRESSO UBES
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