América Latina


Chávez prepara ruptura com Colômbia: 'Bases são declaração de guerra'
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assegurou nesta terça-feira (25) que a ruptura definitiva das relações com a Colômbia é iminente, por conta do acordo para a utilização bases militares fechado com os EUA. Segundo Chávez, o pacto militar é uma "declaração de guerra". A decisão da Venezuela ocorre apenas três dias antes da cúpula da Unasul (União das Nações da América do Sul) de Bariloche, na Argentina, onde os líderes do bloco discutirão o tema.

Durante o ato de despedida do embaixador cubano na Venezuela, Germán Sánchez, realizado no palácio de Miraflores, sede do governo, Chávez pediu que fosse "preparada a ruptura de relações com a Colômbia", porque é algo que vai acontecer em um futuro. "É preciso preparar a ruptura de relações com a Colômbia, isso vai ocorrer" disse o venezuelano.

"Essas sete bases são uma declaração de guerra contra a revolução bolivariana e assim assumimos. Vamos nos preparando porque essa burguesia colombiana nos odeia e já não há possibilidade de um retorno, de um abraço, é impossível", argumentou Chávez.

A medida é uma resposta ao anúncio, feito pelo governo colombiano na segunda-feira, de que apresentará uma queixa contra Chávez na Organização dos Estados Americanos (OEA) por suposta interferência nos assuntos internos da Colômbia. "Que imoral é esse governo (colombiano) ao acusar-nos de ingerência", completou, Chávez.

Segundo o presidente venezuelano, "os militares gringos estarão autorizados a operar em qualquer parte da Colômbia", o que representa uma ameaça direta à Venezuela. No domingo passado, Chávez considerou que o presidente colombiano, Alvaro Uribe quer impedir a chegada do "chavismo" à Colômbia, enquanto Bogotá afirmava que irá repelir todas as ações do "projeto expansionista" do governo vizinho. "De maneira alguma se pode tolerar que se insulte os colombianos de bem", afirmou o comunicado de Bogotá.

Consequências

Se for concretizada a ruptura, a crise entre os dois países chegará a seu pior momento em um ano. Chávez já havia ordenado o congelamento das relações com a Colômbia, depois que Bogotá acusou seu governo de facilitar o desvio de armas à guerrilha das Farc.

Antes disso, a tensão entre os vizinhos já havia aumentado de maneira significativa depois do anúncio, feito pelo governo colombiano, do acordo com os Estados Unidos que permitiria o uso de sete bases militares na Colômbia pelo Exército americano.

"Não vamos continuar com meios termos (...) nos acusam de ingerência, anda, quanto cinismo", afirmou ontem o líder venezuelano. Em julho, Caracas congelou suas relações com a Colômbia, iniciando um processo de substituição de importações.

A instalação das bases militares norte-americanas na Colômbia tem sido criticada pelos demais países da América do Sul e será o ponto central de discussão da Cúpula da Unasul, que será realizada em Bariloche, na Argentina, na próxima sexta-feira.

Comércio

A ruptura de relações pode agravar ainda mais a crise econômica do lado colombiano, que já vinha sendo afetado com o congelamento dos canais comerciais e diplomáticos. Isso porque existe um desequilíbrio nas trocas comerciais entre os dois países a favor da Colômbia, com uma balança comercial que ultrapassa os US$ 7 bilhões.

Na semana passada, o Executivo venezuelano anunciou um plano de substituição de importações colombianas, que, de acordo com funcionários do governo, pode ser concluído em um ano.


Fonte: VERMELHO

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