1992 - Dia dos Carapintadas


Caras-pintadas, foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer no ano de 1992 e tinha como objetivo principal o impedimento do Presidente do Brasil e sua retirada do posto. O movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.
No dia 29 de maio daquele ano, o movimento organizou um fórum pelo afastamento de Collor que contou com a participação de mais entidades, como partidos políticos a UNE (União Nacional dos Estudantes) e UJS (União da Juventude Socialista).
A pressão da sociedade obrigou a instalação de uma CPI no dia 1º de junho de 1992, cujo início foi marcado pelo depoimento de Pedro Collor --no dia 4 daquele mês.
Com o avanço das investigações e com as declarações favoráveis ao afastamento do presidente --como as do então presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva, sendo amplamente cobertas pela mídia, parcela de jovens da classe média se mobilizou.


A juventude começou a tomar as ruas em agosto. A primeira manifestação aconteceu no dia 11, em uma passeata marcada em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo) que reuniu cerca de 10 mil pessoas.
"A gente saiu do museu, pegou a Avenida Paulista, desceu a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio e terminou em frente à faculdade de direito da USP (Universidade de São Paulo), no Largo São Francisco", diz Lindberg Farias , que na época era o presidente da UNE.
Tanto aquela como as demais passeatas foram marcadas pela irreverência, diversidade política e apartidarismo. "Os estudantes faziam questão de rechaçar a participação de partidos políticos", afirma a historiadora Maria Aparecida de Aquino, professora da USP. "Era um sinal claro de que os partidos não davam conta das reivindicações."
No dia 14, Collor foi à televisão para convocar a população a vestir verde e amarelo e amarelo para sair pelas ruas no domingo, 16, em resposta aos que o atacavam. Mas aquele dia ficou conhecido como "domingo negro", os jovens saíram às ruas vestindo roupas negras e pintando o rosto da mesma cor em sinal de luto contra a corrupção.
Finalmente, no dia 29, a Câmara dos deputados vota a abertura do impeachment. Em transmissão ao vivo, 448 deputados votaram a favor, 38 contra, 23 não foram à sessão e um se absteve. "Eu estava no Anhangabaú pra assistir a votação no telão", lembra a musa dos caras-pitadas, Cecília Lotufo. "A cada voto, era um abraço com desconhecidos. No final começou um temporal, mas ninguém ligou para a chuva, era uma conquista de todo nós."
Com o processo de impeachment aberto no Senado no dia 2 de outubro, Collor deixou a presidência interinamente. Mas no dia 29 de dezembro de 1992 ele renunciou abrindo espaço para seu vice, Itamar Franco. Apesar da renúncia, o Senado prosseguiu com o processo, que lhe tirou o cargo e o deixou inelegível por oito anos.


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